Covid longa desafia medicina e afeta vida cotidiana dos pacientes
Redação com Correio Braziliense
O neurologista Josep Vendrell, do Hospital de Santa Creu i Sant Pau, em Barcelona, apresentou em entrevista ao Podcast do Correio os resultados iniciais de um estudo voltado ao tratamento das sequelas neurológicas provocadas pela covid longa. A pesquisa acompanha 81 pacientes desde junho de 2024, utilizando um programa de reabilitação cognitiva por telemedicina, originalmente criado no fim do século passado para tratar distúrbios como esquizofrenia, AVC e Alzheimer.
Entre os sintomas mais comuns da covid longa, estão fadiga extrema, dificuldades de memória, atenção e leitura — fatores que impactam drasticamente a rotina dos pacientes. “Uma paciente relatou que lia um livro por mês, mas hoje não consegue passar de duas páginas”, contou Vendrell. Os exercícios aplicados envolvem atividades para fortalecer a memória, linguagem e raciocínio, com relatos de melhora entre os participantes.
Embora os mecanismos da síndrome ainda não sejam completamente compreendidos, o estudo aponta maior prevalência entre mulheres de 40 a 50 anos. Segundo Vendrell, mesmo pacientes com quadros leves da doença podem desenvolver sequelas cognitivas. Ele ressalta também que o acolhimento médico e a empatia são peças-chave para o tratamento.
O neurologista também destacou a importância do Congresso Latino-Americano da World Federation for Neurorehabilitation, que reunirá especialistas em neurociência para debater avanços em reabilitação de doenças como Alzheimer, demência e AVC. “É um evento que reafirma o compromisso com a empatia e a recuperação dos pacientes”, afirmou.