Em carta aos EUA, governo Lula cobra resposta sobre negociação e manifesta 'indignação' com tarifaço de Trump; leia a íntegra
Por redação com O Globo
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou nesta terça-feira uma carta ao governo americano em que manifesta “indignação” com o tarifaço de 50% sobre importação de produtos brasileiros imposto pelos Estados Unidos.
O documento é assinado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira.
“O governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”, diz a carta.
Outra carta já havia sido enviada em maio pelo governo brasileiro às autoridades americanas, após o anúncio da primeira tarifa de 10% feita pelo presidente Donald Trump. Nesta terça, Alckmin disse que ainda aguardava resposta do documento, e que enviaria outra mensagem cobrando por um retorno.
"O governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta", reforçaram os ministros na carta desta quarta.
Na carta, o governo reiterou o interesse em retomar as negociações para encontrar uma solução para a barreira comercial.
“O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral”, afirma o texto.
O documento diz que, desde antes do anúncio das tarifas recíprocas e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado "de boa-fé" com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos.
"Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano", ressaltou o texto.
Alckmin conduziu reuniões nesta terça com empresários do setor produtivo e agropecuário. Uma nova rodada de reuniões vai acontecer nesta quarta-feira, durante a manhã e tarde.
Embora não tenha descartado totalmente buscar mais prazo, Alckmin disse que a ideia do governo é não pedir mais tempo para o início da taxação, prevista para começar em 1º de agosto, como tem sido sugerido por empresários. O governo busca uma solução definitiva e o mais rápido possível, disse Alckmin, a não ser que seja necessário mais prazo.
"Houve uma colocação aqui de que o Brasil é exíguo, mas a ideia do governo não é pedir que o prazo seja estendido, mas procurar resolver até o dia 31. O governo vai trabalhar para resolver e avançar nos próximos dias", disse o vice-presidente.