Alemanha encara futuro conservador com avanço recorde da extrema direita
UOL
Comemorações tímidas e desconfiança marcaram as eleições federais da Alemanha neste domingo (23). Com a vitória dos conservadores e o avanço recorde da extrema direita, o país deve viverá momentos decisivos sobre pautas sensíveis, como guerra da Ucrânia, aliança com os Estados Unidos, saída da União Europeia e políticas de imigração.
O que aconteceu?
A CDU (União Democrata Cristã) conquistou aproximadamente 29% do eleitorado alemão. O partido vai formar a maior bancada do Bundestag (Parlamento Alemão).
Feito não acontecia há três anos, desde o fim do governo Merkel. Apesar do bom resultado, a CDU não conseguiu a maioria das 630 cadeiras do Reichstag, localizado em Berlim, e terá que buscar uma coalizão para conseguir governar.
Friedrich Merz, se tornará o próximo chanceler do país. Liderando o partido vencedor, o político conservador assume o cargo político mais importante no regime alemão, sucedendo o impopular Olaf Scholz.
Junto com os conservadores, a ultradireita foi a grande vitoriosa. Com uma campanha dominada por temas como imigração e crise econômica, o partido extremista AfD (Alternativa para a Alemanha) se firmou como a segunda maior força do parlamento, conquistando aproximadamente 25% das cadeiras.
AfD alcançou resultado expressivo. Nunca a extrema direita foi tão forte na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Líderes da legenda prometem trazer uma agenda radical. Eles sugerem a saída da Alemanha da União Europeia e o fim da política de imigração.
O que dizem os alemães?
Reportagem do UOL conversou com alemães em Berlim. Eles se mostraram abatidos com o resultado da eleição, principalmente pela expressiva vitória da ultradireita. Dezenas de integrantes do partido AfD são investigados por ligação com grupos neonazistas.
"Um dia em que pouco podemos comemorar". O resultado das urnas assusta Adriana Grummt, 27. "Principalmente pensando o que o país viveu no passado. A Alemanha caminha em uma direção que não me agrada. Como população, precisamos ficar atentos e zelar sempre pela democracia", disse.
A arquiteta Fernanda Krieger, tentou avaliar a perspectiva econômica. Mas não escondeu a preocupação com pautas extremistas. "O que me preocupa são as pautas sociais, como a deportação dos imigrantes. Se fala muito nisso, e nós, como sociedade alemã, não podemos permitir que isso aconteça".
Para apimentar o contexto geopolítico, a votação na maior economia da União Europeia mexe diretamente com os laços ente Estados Unidos e Europa. A relação com o país norte-americano sofreu um desgaste após a aproximação do presidente americano, Donald Trump, com o presidente russo, Vladimir Putin. As autoridades debatem sobre as intenções de acabar com a guerra na Ucrânia.