Cristãos temem aumento da perseguição em meio à crise na Venezuela
Folha Gospel
A reeleição de Nicolás Maduro no último domingo causou desconfiança de eleitores e políticos internacionais e conflitos na Venezuela.
De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Maduro recebeu 51,2% dos 21 milhões de votos. Esse resultado garante a continuidade do projeto político iniciado há 25 anos pelo falecido Hugo Chávez.
Alguns pastores venezuelanos afirmaram que há casos de igrejas apoiando abertamente o governo e até mesmo induzindo os membros a votar em seus candidatos em troca de benefícios pessoais.
No entanto, líderes cristãos como Adelina* se decepcionaram com o resultado da eleição. “Sentimos tristeza, decepção, traição e desânimo. Pior ainda é a incerteza, comparando com o futuro incerto dos irmãos e irmãs em Cuba”.
Nas redes sociais, outros pastores venezuelanos manifestaram o descontentamento: “Dá-nos a tua paz incomparável, Senhor, renova as nossas forças, inunda-nos de silêncio e descanso em cada coração venezuelano. Em ti está a nossa esperança”, publicou um líder cristão.
Embora as consequências da reeleição ainda sejam incertas, muitos temem que a repressão aumente contra aqueles que não votaram no presidente reeleito.
“Não sabemos se eles vão tomar algum tipo de represália contra o povo porque sabem que uma grande porcentagem dos votos foi dada à oposição”, desabafa Adelina.
O medo da perseguição aos cristãos aumentar na Venezuela tem motivada muitos a pensar em deixar o país.
Uma pesquisa realizada pela Meganalisis e publicada em abril mostra que pelo menos 44,6% da população venezuelana consideraria emigrar se o presidente Maduro ganhasse um terceiro mandato.
Fabrício* é um cristão local que teme pelo futuro da nação. “Acho que a expectativa e essa sensação de não saber o que vai acontecer é terrível”.
A perseguição na Venezuela
A Venezuela é o 67º colocado na Lista Mundial da Perseguição da Missão Portas Abertas de 2024 dos lugares mais difíceis para ser cristão. Pastores, líderes de igrejas e grupos e organizações cristãos não podem falar sobre corrupção e nem violações de direitos humanos pois serão acusados de criticar e se opor ao governo.
Por consequência, as igrejas e instituições cristãs enfrentam ameaças, ataques, difamação, vigilância e censura, e os membros podem ser presos e terem os acessos negados a serviços públicos, alimentação e cuidados médicos.