Interferência política de Renan Calheiros fez IMA conceder licença ambiental à Braskem

30 de novembro de 2023 às 12:28
Entenda caso

Foto: Reprodução Redes Sociais

Por Berg Morais 

Em meio a um iminente desastre ambiental que tirou os lares de milhares de famílias e agora poderá ceifar muitas vidas, a população alagoana cobra uma punição severa à Braskem, acusada de ser a responsável pelos inúmeros prejuízos materiais, morais e emocionais. Contudo, para a mineradora ter atuado na extração de sal-gema, precisou de autorização e a interferência política do senador Renan Calheiros (MDB) pode ter facilitado para permitir que a empresa “cavasse” Maceió.

Em 2015, o então governador Renan Filho (MDB) nomeou para comandar o Instituto de Meio Ambiente de Alagoas (IMA) o engenheiro e amigo da família, Gustavo Lopes. De lá para cá, todas as licenças ambientais foram assinadas e autorizadas por ele, inclusive as que envolvem a Braskem. 

Já em 2019 ficou evidenciado a incapacidade técnica do IMA, quando um geólogo identificado como Gean se apresentou como representante do presidente Gustavo Lopes, durante uma reunião a respeito dos tremores de terra. À época, ele destacou que o IMA não tem equipamentos com tecnologia necessária para fazer uma contraprova de relatórios técnicos apresentados pela Braskem para manter o licenciamento ambiental.

Gean também revelou que, a cada dois anos, a Braskem pede a renovação da licença ambiental, mas afirmou que a análise era “superficial” e que o IMA não buscou contratar geólogo ou equipamento para fiscalizar melhor e contrapor os estudos da Braskem. “Nós não temos equipamentos para isso. A gente não tem um sonar, que vai lá na área, vai fazer o monitoramento da caverna. Quem faz essa aquisição é a própria Braskem, ou empresas credenciadas”, explicou. 

Em abril de 2023, o Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) enviou ofício ao IMA solicitando informações sobre as licenças ambientais que permitem o funcionamento da Braskem em Maceió. A demanda não foi respondida. 

Portanto, todos os fatos narrados sugerem que houve interferência política no IMA para favorecer a concessão de licença ambiental à Braskem. Vale destacar que o empresário Robson Bernardo Calixto acusou a gestão de Gustavo Lopes no IMA de sediar um esquema criminoso com o objetivo de ganhar dinheiro a partir de licenças ambientais. O caso chegou a ser manchete do Jornal Extra de Alagoas: “Empresário acusa diretores do IMA de cobrarem propina”.