Só perde para o cigarro: descubra por que dormir pouco pode roubar anos da sua vida

17 de dezembro de 2025 às 08:10
Mundo

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Por Francês News

No corre-corre do fim de ano, noites mal dormidas acabam virando regra para muita gente. O problema é que esse hábito, tratado como algo passageiro, pode ter efeitos profundos e duradouros: dormir menos do que o recomendado está associado a uma redução significativa da expectativa de vida.

Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que o impacto do sono insuficiente sobre a longevidade é maior do que o causado pela falta de atividade física, pela alimentação inadequada ou pelo isolamento social. Entre os comportamentos analisados, apenas o tabagismo apresentou um efeito mais nocivo.

Como a pesquisa foi feita

O levantamento foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, que analisaram dados de expectativa de vida de 3.143 condados norte-americanos. As informações foram cruzadas com indicadores de comportamento em saúde coletados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) entre 2019 e 2025.

Os pesquisadores consideraram como sono insuficiente o descanso inferior a sete horas em um período de 24 horas para adultos. Esse fator apareceu entre os mais fortemente associados à redução da longevidade, superando inclusive dieta inadequada, sedentarismo e solidão.

Para a médica e pesquisadora do sono Vânia D’Almeida, professora da Unifesp, o resultado reforça o papel central do descanso na saúde. “É durante o sono que o organismo regula funções essenciais, como o equilíbrio hormonal, a imunidade e o funcionamento do sistema cardiovascular”, explica.

Especialistas destacam que os hábitos de vida não devem ser analisados de forma isolada. Alimentação saudável e prática de exercícios contribuem para a qualidade do sono, e o inverso também é verdadeiro.

Dormir pouco e recuperar depois funciona?

A ideia de “colocar o sono em dia” no fim de semana é comum, mas não resolve o problema. Esse comportamento é conhecido como jet lag social, quando a pessoa acumula horas de sono perdidas e tenta compensar em poucos dias.

O consenso científico é que a necessidade de sono é diária, e não cumulativa. Ou seja, longas noites ocasionais não anulam os efeitos de vários dias mal dormidos.

A médica Erika Treptow, do Instituto do Sono, afirma que o tema precisa ser tratado como prioridade em saúde pública. “O estudo reforça que o sono deve ser visto como um pilar básico da saúde, assim como alimentação e atividade física”, diz.

Quantidade não é tudo

Mesmo dormindo o número recomendado de horas, é possível acordar cansado. Isso acontece quando o sono é fragmentado ou não atinge fases profundas, fundamentais para a recuperação do corpo.

Segundo especialistas, um bom descanso depende de três fatores principais:

  • Quantidade: horas adequadas conforme a idade
  • Qualidade: sono contínuo, com poucas interrupções
  • Regularidade: horários estáveis para dormir e acordar

Hábitos que ajudam a dormir melhor 

Algumas mudanças simples na rotina podem melhorar o sono:

  • Estabelecer horários fixos para dormir
  • Reduzir o uso de telas à noite
  • Criar um ritual noturno mais tranquilo
  • Evitar refeições pesadas antes de deitar
  • Praticar atividade física de forma regular

Dormir bem não é apenas uma questão de conforto: é uma estratégia fundamental para preservar a saúde e viver mais.