Câmara suspende Glauber Braga por seis meses após tumulto; plenário reverteu pedido de cassação

11 de dezembro de 2025 às 08:01
Política

Por Redação*

A Câmara dos Deputados decidiu, nesta quarta-feira (10), suspender o mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) por seis meses. A punição, aprovada por 318 votos a 141 — além de 3 abstenções — substitui a cassação que havia sido recomendada pelo Conselho de Ética.

A reversão foi construída em plenário ao longo da tarde por aliados do psolista, que conseguiram articular apoio inclusive de integrantes do Centrão. A manobra representou uma vitória expressiva para Braga, já que até partidos de esquerda consideravam provável a perda do mandato.

Durante as negociações, parlamentares do centro defenderam que a punição fosse reduzida. O deputado Fausto Pinato (PP-SP), que propôs a suspensão, afirmou que a perda do mandato seria uma medida excessiva. Segundo relatos, interlocutores do governo também conversaram com deputados para evitar a cassação — hipótese negada pela Secretaria de Relações Institucionais.

A votação expôs divisões internas até mesmo na oposição. No PL, o vice-líder Bibo Nunes (RS) orientou voto pela pena mais branda, mas foi destituído do cargo pelo líder Sóstenes Cavalcante (RJ) após a fala.

O procedimento disciplinar contra Glauber foi instaurado após um episódio de agressões envolvendo o parlamentar, o militante do MBL Gabriel Costenaro e o deputado Kim Kataguiri (União-SP), em abril. O caso começou com uma discussão verbal que evoluiu para empurrões e chutes, e terminou com depoimentos no Departamento de Polícia Legislativa.

A crise ganhou novos contornos na terça-feira (9), quando o deputado ocupou a cadeira da Presidência da Câmara por quase duas horas, em protesto contra a inclusão de seu processo na pauta. Ele conduziu discursos, se recusou a deixar o local e acabou retirado à força por policiais legislativos — episódio inédito que levou ao corte da transmissão da TV Câmara e à retirada de jornalistas do plenário. As imagens do tumulto circularam pelas redes sociais.

Durante a confusão, a deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) caiu, e Sâmia Bomfim (PSOL-SP), esposa de Glauber, tentou impedir a remoção do parlamentar. O terno do deputado foi rasgado, e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), determinou a apuração de possíveis excessos da segurança, além de criticar o comportamento do psolista.

Em sessão posterior, Motta afirmou que a cadeira da Presidência “pertence à República” e acusou Glauber de reincidência, citando a greve de fome em que o parlamentar ocupou uma comissão por mais de uma semana. Ele justificou o uso da força com base em ato da Mesa que autoriza a suspensão de circulação nos prédios da Câmara por razões de segurança.

Parlamentares governistas e alguns oposicionistas criticaram a intervenção contra a imprensa, considerada por eles um precedente perigoso.

Com a decisão desta quarta, Braga mantém o mandato, mas ficará afastado das atividades legislativas pelos próximos seis meses — período que pode redefinir seu papel político na Casa.

*Com informações do G1