"Anistia para Bolsonaro está fora de questão", crava Paulinho da Força sobre projeto da Dosimetria

08 de dezembro de 2025 às 15:35
Política

O deputado federal Paulinho da Força - Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados

Por Francês News

Em declaração que enterra uma das principais expectativas da base bolsonarista, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do Projeto de Lei da Dosimetria na Câmara, afirmou categoricamente que não há qualquer possibilidade de anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao portal Metrópoles nesta segunda-feira (8), o parlamentar deixou claro que, no máximo, seu texto propõe uma significativa redução da pena – de 27 anos e 3 meses para 2 anos e 4 meses –, mas isso não resolveria o impedimento legal do ex-presidente de concorrer às eleições de 2026.

A fala do relator é um balde de água fria nas negociações políticas que vinham sendo articuladas em torno do PL. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, havia colocado como "preço" para desistir de sua pré-candidatura em 2026 justamente a liberdade e a anistia do pai. Em entrevista à Record no domingo (7), Flávio afirmou que sua candidatura é "consciente" e representa os "quase 60 milhões de brasileiros sequestrados" junto com Bolsonaro, e que só abriria mão dela se o pai estivesse "livre, nas urnas".

Paulinho da Força, no entanto, minimiza a pressão e afirma que o projeto enfrenta resistência até mesmo para ser votado. "Se eles não aceitam, não tem votação", disse, referindo-se aos partidos. Ele ainda avalia que, mesmo que o texto seja aprovado na Câmara – onde a urgência do PL já foi aprovada em setembro –, ele não tem sustentação para passar no Senado.

A escolha de Flávio Bolsonaro como candidato do PL em 2026, comunicada a interlocutores na última semana, frustrou setores mais pragmáticos do partido, que preferiam nomes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Do lado governista, a decisão foi recebida com otimismo, por manter o embate político dentro do espectro bolsonarista. Uma nova pesquisa Datafolha, divulgada no sábado (6), mostra que, em um eventual segundo turno contra o presidente Lula, Flávio teria 36% das intenções de voto, contra 51% do petista.

O impasse coloca a base bolsonarista em uma encruzilhada: enquanto a família Bolsonaro tenta usar a candidatura de Flávio como moeda de troca por uma anistia, a realidade política no Congresso, conforme relatada por Paulinho da Força, indica que essa possibilidade está, pelo menos por ora, completamente fora do jogo. O desfecho dessa disputa deve definir os rumos da oposição nos próximos meses.