Paulo Dantas atropela ‘tarifa zero’ de Lessa e reajusta passagens em Alagoas

10 de novembro de 2025 às 08:14
Política

Vice-governador Ronaldo Lessa, durante o encontro que discutiu a tarifa zero - Foto: Gabriel Cabral/Assessoria

Por Francês News

Não resistiu dois dias a mal calculada proposta do vice-governador Ronaldo Lessa (PDT) de zerar a tarifa do transporte intermunicipal e complementar de Alagoas. A conta de padaria exposta na segunda-feira da semana passada foi atropelada pelo mesmo governo de Paulo Dantas (MDB), com a decisão de reajustar os preços das passagens, na quarta-feira (5), com vigência prevista para 8 de dezembro.

Para Lessa, a tarifa zero deveria ser “fundamental e prioridade” dos municípios e do Estado, para garantir o direito de ir e vir dos alagoanos. Mas a proposta do vice-governador que até foi a público em uma reunião com gestores públicos, especialistas e representantes do setor, logo voltou à realidade que impôs uma média de R$ 0,30 de aumento na tarifa para os mais de 150 mil que se deslocam diariamente em um serviço que o governo de Paulo Dantas mantém caro e superlotado.

“É preciso garantir o direito das pessoas de ir e vir. Nesse sentido, a tarifa zero é fundamental e deve ser prioridade dos municípios e do Estado. Nossa função é discutir e apresentar soluções que melhorem a vida das pessoas, mesmo que a execução não seja nossa responsabilidade”, chegou a afirmar Ronaldo Lessa.

A proposta frustrada da gratuidade foi debatida na reunião da Câmara de Estudos Políticos criada pelo vice-governador. E concentrou alternativas de implementação em Maceió e na Região Metropolitana, reduto que concentra o reduto eleitoral de Lessa, tradicionalmente.

Lessa mobilizou para o debate o secretário executivo de Gestão Interna, Flávio Dória; a cientista política e coordenadora-geral da Câmara de Estudos Políticos, Luciana Santana; o urbanista e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Dilson Ferreira; além do professor Cid Olival.

A ideia de zerar tarifas de transporte, ignorada por Paulo Dantas, foi tratada pelo professor Dilson Ferreira com potencial de se tornar a política social mais transformadora desde o Bolsa Família, pelo impacto na mobilidade, na economia e na redução de desigualdades.

“A tarifa zero muda a lógica do transporte urbano. Ele deixa de ser um serviço comercial e passa a ser um direito de todos. Se o trabalhador não está gastando com passagem, ele vai gastar no comércio, na alimentação. Isso movimenta a economia e reduz desigualdades”, argumentou o professor da Ufal.

A proposta renegada por Dantas previa ser custeada por fundos de mobilidade, royalties do petróleo, taxações sobre combustíveis e recursos federais. Mas quem vai continuar pagando mesmo é o trabalhador alagoano, por decisão do governo de Paulo Dantas, por meio da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de Alagoas (Arsal).

Não bastasse o ir e vir ter ficado mais caro, a Arsal ainda reajustou os serviços de distribuição de água e de esgotamento sanitário, com tarifas ampliadas da seguinte forma: Maceió e região metropolitana da capital (BRK Ambiental): 3,94%; Agreste e Sertão (Águas do Sertão): 4,54%; Zona da Mata e Litoral Norte (Verde Alagoas): 4,80%; Casal: (Região Agreste e Sertão): 4,54%.