Paróquia esclarece que festa com banda da PM teve caráter beneficente e entrada gratuita para parte do público
Por redação
Após a publicação de denúncia envolvendo a apresentação da Banda de Música da Polícia Militar de Alagoas no Arraiá do Sorriso — evento realizado no último sábado (12), no Ginásio do Colégio Fantástico, em Maceió —, a Quase Paróquia de Nossa Senhora do Sorriso e São Francisco de Assis enviou nova nota de esclarecimento à redação.
Segundo o comunicado assinado pelo padre Felipe dos Santos Melo, pároco da comunidade, o evento não teve caráter privado, já que “vários membros das comunidades participaram de forma gratuita”. Ele também reconheceu que houve falha no ofício enviado à corporação, pois não foram informados os detalhes sobre a cobrança de mesas e a venda de lanches durante a festividade.
“O nosso evento não foi privado, tendo em vista que vários membros de nossas comunidades tiveram acesso ao evento de forma gratuita”, afirma o texto.
Ainda de acordo com a nota, os recursos arrecadados com a venda das mesas foram utilizados para cobrir custos operacionais do evento — como o aluguel do ginásio — e para ações filantrópicas da paróquia, entre elas a construção de igrejas em comunidades carentes do bairro Benedito Bentes.
A organização também se desculpou formalmente com a banda da Polícia Militar:
“Reconhecemos que não foi explicitado no ofício de solicitação que, durante o evento, seriam vendidas mesas com o objetivo de custear os gastos da festividade e também para ações filantrópicas. […] Lamentamos profundamente a falha na comunicação e qualquer inconveniente ou mal-entendido causado.”
A nota finaliza reiterando o respeito da comunidade à Polícia Militar e reafirmando o compromisso com a transparência e com os valores sociais da arquidiocese.
A denúncia original apontava insatisfação entre membros da banda da PM, que alegaram ter sido escalados para um evento com cobrança de ingressos, o que levantaria dúvidas sobre o uso de servidores públicos em atividades supostamente privadas. Até o momento, a corporação ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso.
A redação segue à disposição para publicar o posicionamento da Polícia Militar de Alagoas ou de outros envolvidos.
Confira a nota na íntegra:
Ao tomar conhecimento da notícia da denúncia formulada ao site T:82 que cita o uso da Banda da PM em festa privada, a Quase Paróquia de Nossa Senhora do Sorriso e São Francisco de Assis vem esclarecer:
1) O nosso evento não foi privado, tendo em vista que vários membros de nossas comunidades tiveram acesso ao evento de forma gratuita;
2) A Quase Paróquia de Nossa Senhora do Sorriso e São Francisco de Assis vem, por meio desta nota, pedir publicamente desculpas à Banda da Polícia Militar de Alagoas pela falta de informações no ofício enviado, no qual foi solicitada a participação da banda no 3o Arraiá do Sorriso, realizado em 12/07/2025.
Reconhecemos que não foi explicitado no ofício de solicitação que, durante o evento, seriam vendidas mesas com o objetivo de custear os gastos da festividade - como, por exemplo, o aluguel do ginásio onde ocorreu o arraial - e também para ações filantrópicas, incluindo a construção das igrejas das comunidades.
Ressaltamos que nossa comunidade em nenhum momento agiu com má-fé ou interesse financeiro, tampouco imaginou que poderia causar qualquer problema a uma corporação tão respeitada como a Polícia Militar de Alagoas.
Lamentamos profundamente a falha na comunicação e qualquer inconveniente ou mal-entendido causado e reafirmamos nosso respeito e gratidão pela parceria e contribuição da Banda da Polícia Militar de Alagoas em nossos eventos.
Estamos à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas e reiteramos nosso compromisso com a transparência dos fatos.
Maceió, 17 de Julho de 2025,
Pe. Felipe da Smith Melo
Pe. Felipe dos Santos Melo - Pároco
Relembre o caso
A denúncia inicial apontava que a Banda de Música da Polícia Militar de Alagoas teria sido escalada de forma obrigatória para se apresentar em um evento considerado de natureza privada e com cobrança de ingressos, o que levantou questionamentos sobre o uso de servidores públicos em atividades com fins comerciais.
Segundo relatos recebidos pela reportagem, o próprio comandante da banda, capitão Nilton, teria se posicionado contra a participação dos músicos, alegando à coronel Joseane — responsável pela Diretoria de Comunicação Social da PM — que não havia justificativa para a atuação da banda em um arraial com bilheteria. Ainda assim, a ordem teria sido mantida.
A situação foi interpretada por alguns militares como imposição indevida e possível caso de improbidade administrativa. Fontes ouvidas pela reportagem alegaram que há insatisfação entre os músicos e que ameaças de punição disciplinar seriam feitas a quem recusasse escalas para eventos semelhantes.
O evento, chamado de “Arraiá do Sorriso”, foi promovido pela comunidade paroquial no bairro Benedito Bentes I e divulgado nas redes sociais como uma festa junina com atrações musicais, quadrilha, barracas de comida e programação voltada à comunidade local.