Alckmin diz a parlamentares que Lei da Reciprocidade é último recurso contra tarifaço de Trump

16 de julho de 2025 às 16:05
DURANTE REUNIÃO

Foto: reprodução

Por redação com O Globo

O vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou a parlamentares, em reunião nesta quarta-feira, que a Lei da Reciprocidade será utilizada apenas como último recurso, caso as tentativas de diálogo com os Estados Unidos para reverter o tarifaço de 50% contra o Brasil, falhem. Alckmin esteve na Residência Oficial do Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Também participaram do encontro o senador Nelsinho Trad (PSD), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Depois do encontro, os presidentes das duas Casas afirmaram em nota que o Congresso e o governo atuarão juntos na reação à “agressão” do governo americano, com o tarifaço de 50% imposto a produtos brasileiros.

Na conversa, Alckmin destacou que a Lei da Reciprocidade é um importante escudo de proteção da economia brasileira, mas que não será utilizado por enquanto.

O vice-presidente discutiu com parlamentares os impactos que já estão sendo sentidos por produtores brasileiros, antes mesmo do tarifaço se concretizar. Geraldo Alckmin garantiu que irá priorizar a diplomacia e afirmou que tenta contato com os representantes do comércio americano.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou nesta terça-feira o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade Econômica. A norma permite que o Brasil possa retaliar em guerras tarifárias com ferramentas como taxas contra produtos específicos e saída de acordos comerciais.

Parlamentares a par da conversa que ocorreu pela manhã relataram que o clima era de colaboração entre Congresso e governo, independentemente da preferência partidária.

Missão parlamentar

Após meses de desgaste político e semanas de enfrentamento direto em torno da crise do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o Palácio do Planalto e parlamentares do Centrão se realinharam em um discurso em comum: a defesa dos interesses da economia nacional em reação às tarifas.

Deputados e senadores de centro, porém, destacam que o governo brasileiro errou em não estabelecer um diálogo mais próximo ao governo Trump desde o início de seu novo mandato. Para eles, a costura diplomática tinha que ter sido reforçada, quando na verdade, foi deixada de lado, justamente pelo alinhamento de Trump as pautas do ex-presidente Jair Bolsonaro.

No fim do mês, um grupo de senadores brasileiros deve ir em missão oficial aos Estados Unidos, após convite do encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar. A ideia é arrefecer os ânimos e buscar encontros com parlamentares americanos.