O que pode ter levado a brasileira cair de vulcão na Indonésia

24 de junho de 2025 às 09:00
Mundo

Foto: Reprodução

Metropoles

caso de Juliana Marins, de 26 anos, que caiu de um penhasco na última sexta-feira (20/6) enquanto fazia uma trilha no Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia, próxima a um vulcão, criou grande comoção no Brasil, levando até a primeira-dama Janja Lula a pedir celeridade no resgate da brasileira.

Para entender melhor o que pode ter acontecido, o Metrópoles conversou com Ion David, guia de turismo da Associação Veadeiros, e com Paulo Guimarães, médico especialista em primeiros socorros.

Ion David destaca que quando Ali Musthofa, guia que acompanhava Juliana, a deixou descansando, ele cometeu um grave erro. Ao que parece, logo após o descanso, ela teria se destacado do grupo. Foi quando a brasileira tropeçou e caiu.

“O guia nunca deve deixar ninguém para trás para descansar, ainda mais numa trilha que apresenta riscos, pois o ele tem que estar sempre junto do visitante ou dos visitantes. Se, por acaso, tem um grupo e ficou um visitante para trás, a responsabilidade do guia é parar e aguardar para que todos os visitantes estejam juntos”, explica.

“Na real, nesse ponto aí o guia realmente cometeu um grande engano, uma grande falha.”

Entenda o caso

  • Juliana Marins, de 26 anos, deslizou por uma vala enquanto fazia a trilha do vulcão Rinjani, em Lombok.
  • Ela viajou para fazer um mochilão pela Ásia e estava na trilha com outros turistas, que contrataram uma empresa de viagens da Indonésia para o passeio.
  • Após escorregar no caminho, ela só parou a uma distância de 300 metros de onde o grupo estava.
  • Anteriormente, foi divulgado que Juliana teria recebido socorro, porém, a informação foi desmentida pela família. Juliana aguarda resgate há 4 dias.
  • Por meio das redes sociais, a família da jovem confirmou que o salvamento foi interrompido nesta segunda-feira (23/6) por conta das condições climáticas na região.

Segundo o guia, “quando um turista, um visitante ou um grupo contrata um guia, ele está se responsabilizando primeiramente pela segurança do grupo, então ele é responsável inclusive por conhecer e dominar toda a área que está sendo visitada, conhecer os caminhos, conhecer toda a região. Ele é a pessoa responsável por essa segurança”.

Ion destaca que existem protocolos padrões quando o guia acompanha o grupo. “Ele tem que estar sempre em contato visual com todos os visitantes que está guiando. No caso de um turista seguir à frente desse guia, ele tem sempre responsabilidade de avisar para o visitante um lugar que ele deve parar para poder aguardar, se tiver alguma dúvida.”

O especialista ressalta que incidentes como o de Juliana são “realmente completamente fora do comum”.

“O guia tinha essa responsabilidade de checar se a pessoa que ele está guiando está atrás dele ou se está sendo acompanhada. O guia tem a responsabilidade de fazer uma leitura corporal do pessoal. Se ele está percebendo que tem alguém cansado, ou não se sentindo bem, ele deve parar para ajudar essa pessoa, e nunca deixar o grupo se dividir, reforça Ion David.

Ion afirma que uma trilha como a que Juliana fez embute riscos maiores se as pessoas não têm aptidão física ou psicológica. “O guia deve ser capaz de identificar a aptidão do pessoal, do grupo, dos visitantes, para poder fazer uma determinada trilha, uma determinada atividade.”

Ion David explica que existem normas do sistema de gestão de segurança, em que os riscos são identificados. “Os riscos são classificados e, para cada um deles, o guia tem que seguir uma ação preventiva ou uma ação corretiva.”