Labubu, o 'monstrinho ostentação', invade comércio popular: 'Se tendência for boneca sem cabeça, a gente vende'
g1
Após provocar filas gigantes mundo afora e gerar tumulto nas compras, o monstrinho Labubu deixou as lojas chinesas PopMart, de onde surgiu como boneco de luxo queridinho das influencers, e desembarcou na 25 de Março, em São Paulo, com identidade mais acessível: o Lafufu.
Se o monstrinho original chega a custar U$S 300 (R$ 1,6 mil) e aparece na bolsa de figuras como Virgínia Fonseca e Maya Massafera, é só descer a Ladeira Porto Geral para encontrar facilmente o primo humilde do Labubu em réplicas que vão de R$ 65,00 a R$ 250,00.
"A gente tem que vender o que é moda! Aqui na 25 é tudo réplica (...) Se a última tendência for uma boneca sem cabeça e sem olho, a gente vai vender... É Lafufu, é Labubu 24 horas por dia na minha cabeça" , diz a vendedora Renata Silva.
Brinquedos de adulto
O desabafo da vendedora resume como a economia criativa informal respondeu tão rápido à tendência do momento.
Outras febres facilmente achadas no maior polo de compras da América Latina -- como "bebês reborn" e cadernos de colorir -- sugerem que não é novidade o fenômeno dos adultos dispostos a investir no escapismo e nostalgia que os brinquedos podem proporcionar.
"Hoje em dia é tudo antiestresse", resume Renata. "Isso começou lá na pandemia, quando as crianças precisavam de algo para fazer em casa. Só que hoje em dia não é só a criança que sente o stress. Adulto também!"
De acordo com os lojistas entrevistados pelo g1, a procura pelo meme de pelúcia despontou força total há cerca de um mês -- impulsionada por influencers em plataformas como o TikTok -- e virou desejo de consumo, principalmente, entre mulheres adultas.
'Bet dos brinquedos': o que é blindbox?
A compra do Labubu também mexe com o senso de expectativa recompensa emocional. Parte do sucesso vem de um formato conhecido como "blindbox", explica a empresária Renata Monari.
"Essa onda do 'blindbox', que é tirar o bonequinho e não saber o que vem dentro, que é surpresa tá vindo com força total", diz. " A ideia é você não saber o que tem dentro da caixinha. Você vai ter que comprar até ter toda a coleção."
Apesar da roupagem de luxo colocada por influencers que revelam seus bonecos diante das telas, o mecanismo por trás do "blindbox" não é desconhecido no imaginário do brasileiro.
A lógica da surpresa que estimula a compra, como uma espécie de 'bet dos brinquedos', já fez sucesso em outras gerações: lembrancinhas do Kinder Ovo, "tazos" colecionáveis de salgadinhos e álbuns de figurinhas são exemplos do que já fez sucesso.
Ainda que o modelo não seja exatamente inovador, a aposta da Pop Mart nos bonequinhos surpresa acabou pagando rápido. Em 2024, a receita da fabricante chinesa mais que dobrou, impulsionada pelo monstrinho. As vendas de pelúcias cresceram mais de 1.200% no ano, representando quase 22% da receita total, segundo o relatório anual da empresa.
Na 25 de março, as réplicas de labubus até podem ser encontradas fora da embalagem, penduradas em tendas. No entanto, são justamente as mais caras que vêm em uma caixinha surpresa, na qual não se sabe qual personagem será revelado até o momento da abertura.
A partir de R$ 100, o comprador pode receber bonecos de diferentes gerações e até itens colecionáveis --basta apostar no seu.