Primeiro-ministro do Canadá critica tarifaço de Trump: 'Coisa idiota'
Por redação com Metrópoles
O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, criticou nesta terça-feira (4/3) a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor novas tarifas sobre produtos canadenses.
Em pronunciamento à imprensa, Trudeau afirmou que a medida norte-americana é “uma coisa muito idiota de se fazer” e anunciou uma série de ações retaliatórias por parte do governo canadense.
Entenda o tarifaço de Trump
- Tarifaço de Trump passou a valer nesta terça. Governo canadense reagiu rapidamente e devolveu a “recíproca”.
- Trump justifica as tarifas como forma de pressionar os países vizinhos — México e Canadá — a intensificarem o controle na fronteira, usando como argumento o alto número de drogas que entram nos EUA, principalmente o fentanil.
- As medidas também fazem parte de uma estratégia para fortalecer a indústria norte-americana, equilibrar relações comerciais e aumentar a arrecadação do governo.
Entre as respostas do Canadá estão tarifas de 25% sobre US$ 155 bilhões em produtos importados dos EUA. Parte dessas tarifas, o equivalente a US$ 30 bilhões, será aplicada imediatamente, enquanto o restante passará a valer em 21 dias.
O governo canadense também estuda medidas não tarifárias, como a revisão de contratos com empresas norte-americanas.
Reação do governo canadense
Durante o pronunciamento, Trudeau reforçou que não há justificativa para as novas tarifas impostas pelos EUA. Segundo ele, o argumento do governo Trump de que o Canadá não estaria colaborando no combate ao tráfico de fentanil ilícito é “totalmente falso”.
“Não há absolutamente nenhuma justificativa ou necessidade para essas tarifas hoje. O pretexto legal que seu governo usa para trazer essas tarifas é de que o Canadá aparentemente não está disposto a ajudar na luta contra o fentanil ilícito. Mas isso é totalmente falso”, destacou Trudeau.
Segundo o primeiro-ministro, o Canadá implementou um plano de US$ 1,3 bilhão para reforçar a fiscalização nas fronteiras, incluindo o uso de inteligência artificial e tecnologia de rastreamento.
Além disso, Trudeau mencionou o lançamento de uma nova parceria de operações conjuntas entre os dois países, apoiada por um investimento de US$ 200 bilhões em segurança.
“Fizemos tudo o que prometemos. Nós nos ativemos à nossa palavra, e fizemos isso porque topamos trabalhar juntos para proteger nossos cidadãos”, disse o primeiro-ministro canadense.
Ele reiterou que a decisão do governo norte-americano é projetada para atacar a economia canadense, e classificou a situação como “uma guerra comercial”.
Impactos nos EUA e no Canadá
O primeiro-ministro canadense também se dirigiu diretamente à população dos Estados Unidos, alertando que as tarifas podem agravar a inflação e colocar empregos em risco.
Segundo ele, muitos postos de trabalho americanos dependem do comércio com o Canadá. “O seu governo escolheu aumentar os custos para consumidores americanos em itens essenciais do dia a dia, como alimentos, gás, carros e moradias”, criticou.
Para Trudeau, os EUA podem enfrentar dificuldades em setores estratégicos devido à decisão de Trump. De acordo com ele, as tarifas podem afetar a construção civil e a produção agrícola, já que os Estados Unidos dependem de materiais de construção e fertilizantes importados do Canadá.
Para os canadenses, o primeiro-ministro alertou que o país enfrentará desafios econômicos, mas garantiu que o governo tomará medidas para proteger consumidores e empresas. “Isso vai ser duro, mas usaremos todas as ferramentas à nossa disposição para lidar com essa situação”, afirmou.
Tarifaço de Trump
A retaliação do Canadá ocorreu após a decisão dos Estados Unidos de impor novas tarifas de importação, que entraram em vigor nesta terça-feira (4/2), após uma pausa de 30 dias. A política de taxação faz parte da estratégia de Trump para reduzir déficits comerciais e combater problemas como a imigração irregular e o tráfico de fentanil.
Especialistas apontam que medidas como essa podem contribuir para o aumento da inflação nos EUA e afetar a política monetária do Federal Reserve (Fed), dificultando o controle dos juros no país.
O impacto pode se estender a outros países, incluindo o Brasil. Caso o Fed mantenha juros elevados, investidores podem direcionar seus recursos para os EUA, valorizando o dólar e pressionando o Banco Central brasileiro a elevar a taxa Selic. Além disso, uma possível desaceleração da economia chinesa, caso Trump amplie as taxações contra a China, poderia afetar as exportações brasileiras.