'Mundo livre precisa de um novo líder', diz Europa depois de briga de Trump

02 de março de 2025 às 09:53
Mundo

Foto: Reprodução

UOL

"Ficou claro que o mundo livre precisa de um novo líder. Cabe a nós, europeus, assumir esse desafio". Foi assim que a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, reagiu depois da crise no Salão Oval, entre os presidentes Donald Trump e Volodymyr Zelensky. Sua declaração foi a tradução pública de um sentimento de mal-estar e indicação por parte da Europa diante de seu parceiro histórico, os EUA.

Hoje, em Londres, governos de 16 países se reúnem com a UE e a Otan na esperança de estabelecer bases de uma unidade sobre a defesa do continente. Uma segunda reunião, na próxima quinta-feira, tem como objetivo desenhar uma posição comum dos 27 países da UE para a eventual negociar entre russos e ucranianos.

Uma das ideias defendidas por britânicos e franceses é o destacamento de tropas de paz da Europa em território da Ucrânia, um tema que vinha sendo negociado com Trump.

O americano já havia causado um choque quando anunciou que a Ucrânia deveria ceder territórios aos russos e que não deveria entrar na Otan. Trump também forçou a ter acesso aos recursos naturais do país, como parte de um acordo para acabar a guerra.

A exclusão da participação da Europa numa solução para a guerra tinha ainda causado indignação em Berlim, Paris e Londres.

Mas desde a eclosão da briga entre os líderes ucraniano e americano, na sexta-feira, as principais diplomacias da UE mergulharam numa operação para admitir a existência de uma ruptura promovia pela Casa Branca e apressar uma nova organização de sua própria segurança.

Para muitos, o ato tem o potencial de inaugurar uma nova etapa da relação transatlântica e da própria condução da política da UE, profundamente ligada aos EUA desde o final da Segunda Guerra Mundial.

Forçar a mudança de regime em Kiev

A constatação é de que se tratou de uma arapuca, montada pelos americanos para humilhar e deslegitimar o ucraniano, reforçando a tese de que o único parceiro viável para uma negociação é Vladimir Putin.

Se o russo sempre teve como objetivo a queda de Zelensky e a promoção de uma mudança de regime em Kiev, essa possibilidade ficou ainda mais forte diante do comportamento de Trump.

Para os europeus, o objetivo da armadilha foi a de acelerar a tropa de liderança na Ucrânia.

Diplomatas destacam como as provocações começaram mesmo antes da troca de farpas. Ao chegar à Casa Branca, Zelensky foi recebido com um comentário irônico por parte de Trump. O presidente americano "elogiou" a roupa que vestia o ucraniano, seu tradicional uniforme usado desde o primeiro dia da guerra. Momentos depois, no Salão Oval, ele seria uma vez mais criticado por não usar gravata.

A difusão de teorias conspiratórias, em sites e contas de trompistas nas redes sociais, também reforçou a ideia de que a briga pode não ter sido tão espontânea como os republicanos querem fazer supor.

No fim de semana, coube ao presidente da França, Emmanuel Macron, telefonar tanto para Trump como para Zelensky, na tentativa de apaziguar a crise.

Enquanto isso, porém, as declarações de apoio aos ucranianos que surgiram ainda na sexta-feira começaram a ser traduzidas em atos.

Zelensky, no Reino Unido, deu demonstrações de que conta com o apoio dos europeus. Os líderes britânicos não apenas o receberam, como prometeram um novo pacote de dinheiro para resistir aos russos, no valor de 2,2 bilhões de libras esterlinas. Neste domingo, ele será recebido pelo rei Charles, uma rara audiência política do monarca.

Annalena Baerbock, ministra de Relações Exteriores da Alemanha, pediu que seu governo libere 3 bilhões de euros para a defesa da Ucrânia.

No Uruguai, o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, se reuniu com diversos líderes sul-americanos ontem e deixou explícita sua preocupação com a crise. "A diplomacia fracassa quando os parceiros de negociação são humilhados diante do mundo", disse.

Steinmeier apontou que "a cena na Casa Branca me deixou sem fôlego". "Eu nunca teria acreditado que teríamos que defender a Ucrânia dos Estados Unidos", disse. "Devemos evitar que a Ucrânia seja forçada a aceitar a escravidão", completou.

O presidente Lula, que se encontrou com o colega alemão no Uruguai, classificou como "cena grotesca" e disse que Trump quis humilhar Zelensky. Lula afirmou ainda que disse ao presidente da Alemanha que "é bem possível que a Europa fique responsável pela reconstrução da Ucrânia, fique responsável pela manutenção da Otan".

O primeiro-ministro tcheco, Petr Fala, destacou que a Europa vive um "teste histórico" e que o caso mostra que "ninguém mais vai cuidar" da segurança do continente. Para ele, novos recursos devem chegar aos ucranianos.

O único a destoar da unidade europeia foi Viktor Orbán, primeiro-ministro de extrema-direita da Hungria e aliado tanto de Trump como de Putin. Ameaçando bloquear um consenso da UE, ele alertou que apenas a postura dos EUA na negociação pode ter êxito.

Array ( [0] => Array ( [id] => 6 [nome] => Maceió [posicao] => 3 [slug] => maceio [status] => 1 ) [1] => Array ( [id] => 7 [nome] => Alagoas [posicao] => 6 [slug] => alagoas [status] => 1 ) [2] => Array ( [id] => 4 [nome] => Brasil [posicao] => 7 [slug] => brasil [status] => 1 ) [3] => Array ( [id] => 5 [nome] => Mundo [posicao] => 8 [slug] => mundo [status] => 1 ) [4] => Array ( [id] => 20 [nome] => Gospel [posicao] => 13 [slug] => gospel [status] => 1 ) [5] => Array ( [id] => 22 [nome] => Entretenimento [posicao] => 15 [slug] => entretenimento [status] => 1 ) [6] => Array ( [id] => 23 [nome] => Esportes [posicao] => 16 [slug] => esportes [status] => 1 ) ) 1