PF expõe lavagem milionária com debêntures e fundos imobiliários na Farra do INSS
Por Redação com agências
A Polícia Federal identificou um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro associado ao lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, que utilizava debêntures e fundos de investimento imobiliário para ocultar recursos desviados de aposentados e pensionistas. As informações constam na nova fase da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quinta-feira (18), que resultou em 16 prisões e no cumprimento de mandados de busca e apreensão, inclusive contra o senador Weverton Rocha (PDT-MA).
Segundo a investigação, o núcleo financeiro do esquema operava por meio de empresas de fachada, como Prospect e Brasília Consultoria, que transferiam valores à HBR Capital Soluções e Serviços Financeiros, controlada por Rodrigo Moraes. O objetivo formal era a aquisição de debêntures — títulos de dívida privada cuja titularidade não é pública —, mecanismo que permitiria ocultar os reais proprietários dos recursos e, posteriormente, reintroduzir o dinheiro no mercado com aparência de legalidade.
Relatórios da PF apontam transferências milionárias. Em uma das operações, Rubens Oliveira Costa, identificado como operador financeiro do grupo, enviou comprovantes de repasses de R$ 1,2 milhão, R$ 1 milhão e R$ 40 mil à HBR. Em outra frente, Moraes informou que mais de R$ 6 milhões haviam sido enviados pela Prospect, com a previsão de emissão de uma debênture no valor de R$ 8,5 milhões.
A investigação também indica o uso de fundos imobiliários para ampliar a complexidade do rastreamento. Cristiana Alcântara, apontada como integrante do núcleo administrativo do “Careca do INSS”, teria articulado a parceria com Rodrigo Moraes e orientado o direcionamento de recursos a esses fundos. Ela teria ainda se tornado sócia do lobista em Sociedades de Propósito Específico (SPEs) e recebido créditos de empresas sob suspeita. A Justiça determinou o uso de tornozeleira eletrônica.
Entre os presos está Romeu Carvalho Antunes, filho do lobista, detido desde setembro. O secretário-executivo do Ministério da Previdência, Aldroaldo Portal, foi exonerado do cargo e teve a prisão domiciliar decretada. A operação também alcançou a empresária Roberta Luchsinger, herdeira de banqueiro, que teria recebido R$ 1,5 milhão oriundos do esquema.
As medidas foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça. Para a PF, os elementos reunidos revelam a dimensão, a capilaridade e o grau de sofisticação do esquema, que teria estruturado múltiplas camadas financeiras para ocultar o desvio de recursos da Previdência Social.