O silêncio da PF não absolve a má gestão de Alexandre Ayres na Sesau

18 de dezembro de 2025 às 11:15
Política

Foto: reprodução

Por Redação

A deflagração da Operação Estágio IV pela Polícia Federal, que investiga um suposto esquema de desvio de cerca de R$ 100 milhões na Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), reacendeu um debate que nunca foi completamente encerrado: o legado da gestão de Alexandre Ayres à frente da pasta durante a pandemia da Covid-19.

Embora Ayres não figure entre os alvos da operação desta semana, o retorno da Polícia Federal à Sesau recoloca sob escrutínio um período marcado por forte concentração de recursos, decisões controversas e cobranças públicas que jamais tiveram respostas plenamente satisfatórias. À época secretário, Ayres administrou a Saúde em um dos momentos de maior fluxo financeiro da história recente do estado, com repasses federais e estaduais extraordinários, justificados pela emergência sanitária.

Em 2021, na Assembleia Legislativa, o então secretário foi cobrado por parlamentares sobre o calote superior a R$ 6 milhões na compra de respiradores que nunca chegaram, além da falta de medicamentos, da elevada taxa de mortes de pacientes intubados e do aumento expressivo de óbitos classificados como causa indeterminada. Mesmo diante das críticas, a gestão atribuiu responsabilidades a terceiros, como o Consórcio Nordeste, e sustentou que os indicadores de Alagoas estavam abaixo da média nacional.

O discurso, no entanto, não dissipou as dúvidas. Dados apresentados por deputados apontavam inconsistências, filas represadas por exames e cirurgias, além de falhas graves na transparência das ações da pasta. A tentativa de blindagem política na Assembleia não impediu que a gestão fosse marcada por desconfiança, especialmente entre profissionais da saúde e familiares de vítimas da pandemia.

Hoje deputado estadual, Alexandre Ayres tem sido retratado por alguns setores como alguém que atravessou o período mais crítico da Saúde sem maiores consequências. A operação da PF não o acusa, mas tampouco reescreve a história. Investigações atuais reforçam a necessidade de revisitar decisões, contratos e prioridades estabelecidas naquele período.