Braskem anuncia expansão milionária no México em meio as incertezas em Alagoas
Redação com Folha
Enquanto moradores de Maceió convivem com os efeitos do afundamento do solo causado pela exploração de sal-gema, a petroquímica Braskem volta aos holofotes com um novo e ambicioso projeto internacional. Nesta quarta-feira (7), a empresa inaugura um terminal de importação de etano no México, marcando a primeira grande expansão operacional desde 2017 e sinalizando planos para ampliar ainda mais sua presença no país.
O investimento de US$ 450 milhões (aproximadamente R$ 2,5 bilhões) viabilizou o chamado Terminal Químico Puerto México, localizado na cidade de Coatzacoalcos, na costa do Golfo. A estrutura promete garantir o abastecimento pleno da fábrica de polietileno operada pela Braskem Idesa — joint venture da brasileira com a mexicana Idesa, controlada pelo bilionário Carlos Slim — em operação desde 2016.
“Esse terminal é nossa libertação logística”, afirmou Isabel Figueiredo, presidente da Braskem Idesa, em entrevista concedida na Cidade do México. A obra representa o fim da dependência da estatal mexicana Pemex, que vinha fornecendo etano de forma irregular desde 2018, obrigando a fábrica a operar com pouco mais da metade de sua capacidade.
A Braskem, controlada pela Novonor (antiga Odebrecht) e pela Petrobras, opera atualmente em dez países. No entanto, em sua cidade natal — Maceió —, o legado da empresa é marcado por um dos maiores desastres ambientais urbanos do país. Desde 2018, bairros inteiros foram evacuados devido ao colapso do solo, atribuído à mineração de sal-gema realizada pela companhia por décadas na capital alagoana. Mais de 60 mil pessoas foram afetadas, e o prejuízo socioambiental ainda está longe de ser resolvido.
Apesar disso, a Braskem projeta crescer. Com o novo terminal, a fábrica no México deve atingir plena capacidade em agosto deste ano, e já se estuda uma expansão de 20% a 25% na produção de polietileno. O projeto incluiria a instalação de um novo forno, ainda em fase de avaliação financeira.
Além da infraestrutura no terminal, a empresa investiu outros US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) na construção de dois navios próprios para transporte de etano, iniciando sua entrada no setor logístico — uma tentativa de ganhar mais autonomia na cadeia de suprimentos.
A Braskem Idesa responde hoje por cerca de 15% da produção total da companhia, com foco no mercado mexicano e exportações para o Caribe, América Central, Estados Unidos e Alemanha. Segundo Figueiredo, a expansão mira substituir parte dos 80% de polietileno que o México ainda importa, especialmente dos EUA.