Braskem anuncia expansão milionária no México em meio as incertezas em Alagoas

07 de maio de 2025 às 07:16
Maceió

Foto: Reprodução

Redação com Folha

Enquanto moradores de Maceió convivem com os efeitos do afundamento do solo causado pela exploração de sal-gema, a petroquímica Braskem volta aos holofotes com um novo e ambicioso projeto internacional. Nesta quarta-feira (7), a empresa inaugura um terminal de importação de etano no México, marcando a primeira grande expansão operacional desde 2017 e sinalizando planos para ampliar ainda mais sua presença no país.

O investimento de US$ 450 milhões (aproximadamente R$ 2,5 bilhões) viabilizou o chamado Terminal Químico Puerto México, localizado na cidade de Coatzacoalcos, na costa do Golfo. A estrutura promete garantir o abastecimento pleno da fábrica de polietileno operada pela Braskem Idesa — joint venture da brasileira com a mexicana Idesa, controlada pelo bilionário Carlos Slim — em operação desde 2016.

“Esse terminal é nossa libertação logística”, afirmou Isabel Figueiredo, presidente da Braskem Idesa, em entrevista concedida na Cidade do México. A obra representa o fim da dependência da estatal mexicana Pemex, que vinha fornecendo etano de forma irregular desde 2018, obrigando a fábrica a operar com pouco mais da metade de sua capacidade.

A Braskem, controlada pela Novonor (antiga Odebrecht) e pela Petrobras, opera atualmente em dez países. No entanto, em sua cidade natal — Maceió —, o legado da empresa é marcado por um dos maiores desastres ambientais urbanos do país. Desde 2018, bairros inteiros foram evacuados devido ao colapso do solo, atribuído à mineração de sal-gema realizada pela companhia por décadas na capital alagoana. Mais de 60 mil pessoas foram afetadas, e o prejuízo socioambiental ainda está longe de ser resolvido.

Apesar disso, a Braskem projeta crescer. Com o novo terminal, a fábrica no México deve atingir plena capacidade em agosto deste ano, e já se estuda uma expansão de 20% a 25% na produção de polietileno. O projeto incluiria a instalação de um novo forno, ainda em fase de avaliação financeira.

Além da infraestrutura no terminal, a empresa investiu outros US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) na construção de dois navios próprios para transporte de etano, iniciando sua entrada no setor logístico — uma tentativa de ganhar mais autonomia na cadeia de suprimentos.

A Braskem Idesa responde hoje por cerca de 15% da produção total da companhia, com foco no mercado mexicano e exportações para o Caribe, América Central, Estados Unidos e Alemanha. Segundo Figueiredo, a expansão mira substituir parte dos 80% de polietileno que o México ainda importa, especialmente dos EUA.