Casa Branca posta imagem de Trump vestido de papa
UOL
A Casa Branca postou nas redes sociais uma imagem produzida por inteligência artificial de Donald Trump como papa. Dezenas de seguidores o acusaram de debochar da morte do papa Francisco e de "desrespeitar" a Igreja Católica.
O conclave começa no dia 7 de maio para escolher o novo pontífice, com a extrema direita americana ávida para interromper a agenda progressistas adotada pelo argentino morto na semana passada. Uma disputa feroz na Cúria Romana também foi aberta, com a pressão de grupos ultraconservadores para que a Santa Sé volte a ser liderada por um tradicionalista.
Trump havia postado a imagem ainda na noite de sexta-feira em seu perfil na rede social Truth Social. Horas depois, a conta oficial da Casa Branca no X difundiu a imagem.
Ao deixar o Vaticano, no funeral do papa, Trump brincou em conversa com jornalistas que "gostaria de ser papa". "Essa seria minha escolha número um", disse.
Trump, então, indicou que não tinha uma preferência para o conclave, mas disse que havia um cardeal em Nova York que era "muito bom".
Durante o funeral, Trump foi alvo de críticas por não ter cumprido o protocolo ao usar um terno azul, e não preto como todos os demais. Ele ainda foi visto mascando chiclete durante a cerimônia e questionado sobre o uso do Vaticano para um encontro com o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky.
A imagem de Trump como papa foi recebida com duras críticas por parte de seguidores de todo o mundo, ainda que tenha tido também apoios. Contas o acusaram de "blasfêmia", de "insanidade" e descrevem o presidente americano como "o contrário de Francisco".
Sob Francisco, o Vaticano foi um duro crítico do governo Trump e, segundo fontes em Roma, o motivo é simples: havia uma percepção de que o americano instrumentaliza a religião, fechando os olhos para dramas humanos, principalmente na questão da imigração.
Em fevereiro, o papa Francisco refutou o conceito teológico que a Casa Branca usou para defender a repressão contra imigrantes, enviando uma carta aos bispos católicos dos EUA. "O que é construído com base na força, e não na verdade sobre a igual dignidade de todo ser humano, começa mal e terminará mal", disse o papa. O governo Trump rebateu, alertando que o papa deveria ocupar de sua Igreja.
Numa mensagem oficial na Páscoa, Trump causou mal-estar entre ativistas de direitos humanos, congressistas e grupos de outras religiões nos EUA. "Nesta Semana Santa, Melania e eu nos unimos em oração aos cristãos que celebram a crucificação e a ressurreição de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo - o Filho vivo de Deus que venceu a morte, nos libertou do pecado e abriu as portas do Céu para toda a humanidade", diz a mensagem oficial de Trump.
Na avaliação da entidade Freedom From Religion Foundation, a linguagem usada parecia ser "mais de um púlpito do que do Salão Oval". "De forma ainda mais ameaçadora, o anúncio estabelece uma posição firme contra a separação constitucional entre Estado e Igreja", diz a entidade, que advoga pelos direitos de cidadãos que optam por não ter religião.
O que causou também preocupação entre constitucionalistas foi o fato de que o texto oficial afirma que "nesta Semana Santa, meu governo renova sua promessa de defender a fé cristã em nossas escolas, forças armadas, locais de trabalho, hospitais e salas de governo".
Dias depois, Trump insistiu que "não via sentido" na separação entre o estado e a religião.