Câmara de SP cria 'CPI das ONGs', que tem padre Júlio Lancellotti como alvo
Por redação com informações da Folha de São Paulo
O vereador de São Paulo Rubinho Nunes (União Brasil), um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL) que deixou a agremiação em outubro de 2022, conseguiu o aval de seus colegas para aprovar a criação da CPI das ONGs na Câmara paulistana.
A iniciativa, que obteve 25 assinaturas, mira a atuação do padre Júlio Lancellotti, da Paróquia de São Miguel Arcanjo, que realiza trabalho filantrópico na Cracolândia, localizada na região central da capital. A expectativa é de que a comissão seja instalada no retorno do recesso, que termina em primeiro de fevereiro. A informação foi inicialmente divulgada pelo jornal "A Folha de S.Paulo"
O requerimento inicial mira, principalmente, duas entidades que realizam trabalho comunitário destinado à população de rua e aos dependentes químicos da região: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e no coletivo Craco Resiste.
Nunes acusa o religioso de fazer parcerias com elas. O vereador disse receber "inúmeras denúncias" sobre a atuação de várias ONGs no Centro de São Paulo, que dão alimentos, mas não realizam o acolhimento dos vulneráveis:
"Existe uma chamada máfia da miséria para obter ganhos por meio da boa-fé da população e isso não é ético e nem moral. O padre Júlio é o verdadeiro cafetão de miséria em São Paulo. A atuação dele retroalimenta a situação das pessoas. Não é só comida e sabonete que vai resolver a situação."
À "Folha de S. Paulo", Padre Júlio Lancellotti negou qualquer relação com as entidades e afirmou não fazer mais parte da Bompar há 17 anos. No passado, o padre chegou a atuar enquanto conselheiro.
"Elas são autônomas, têm diretorias, técnicos, funcionários. A Câmara tem direito de fazer uma CPI, mas vai investigar e não vai me encontrar em nenhuma das duas."
Esta não é a primeira vez que o vereador critica o padre publicamente. Em dezembro, o convocou a prestar depoimento na Frente Parlamentar em Defesa do Centro, o que gerou críticas de políticos da esquerda como a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
"As ONGs e demais cafetões da miséria vão ter que se explicar", afirmou Rubinho Nunes na ocasião.